O juiz Eliseu Silva Leite Fonseca, do fórum da cidade de Buenópolis, na região Central de Minas Gerais, condenou Jairo Lopes, de 42 anos, a 36 anos de prisão, sendo 24 anos pelo homicídio triplamente qualificado, dez anos pelo estupro de vulnerável, ambas em regime fechado, e mais dois anos em regime semi-aberto por ocultação de cadáver. O homem, que ficou conhecido como “Monstro de Buenópolis”, estuprou, matou por asfixia e arrancou o coração da estudante Raiane Aparecida Cândida Costa, de 10 anos.
O conselho de sentença, formado por quatro mulheres e três homens, votou pela condenação do réu por homicídio triplamente qualificado, estupro de vulnerável e ocultação de cadáver. A acusação e a defesa disseram que não vão recorrer da sentença.
O plenário do júri, que começou às 9 da manhã, ficou lotado, principalmente por parentes e amigos da família da vítima. A polícia chegou a isolar o prédio, por segurança, diante da revolta da população na época do crime. Contudo, o dia foi tranquilo.
Para o pai da menina, o lavrador Sebastião da Cruz Costa, de 56 anos, somente a condenação do réu poderia amenizar um pouco a sua tristeza. Para ele, é como se Jairo tivesse arrancado o coração dele também e a ferida sangra até hoje.
Relembre o caso
O crime aconteceu na manhã de 1º de junho de 2016, na zona rural de Buenópolis, onde a menina morava. Raiane era filha única de Sebastião e a mulher dele, a mãe da menina, havia morrido seis meses antes, por problemas de saúde. De acordo com o processo, ela foi rendida por Jairo quando aguardava o ônibus escolar em uma estrada da zona rural, por volta das seis da manhã.
Jairo estava armado com uma faca tipo peixeira e levou a menina para uma mata fechada. Em depoimento na fase policial do inquérito, ele confessou o estupro e o assassinato da menina, contando detalhes de como tudo aconteceu. Nesta quinta, o homem negou o crime e disse não se lembrar do depoimento antigo. Ele não revelou o que fez com o coração da menina, o que é um mistério até hoje.
O condenado será levado de volta ao Presídio José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde já cumpre pena de 45 anos por estupro, homicídio e roubo, crimes cometidos por ele em Montes Claros, no Norte de Minas, onde matou uma mulher a golpes de facão. Quando matou Raiane, ele estava foragido da Justiça e trabalhava como vaqueiro em Buenópolis, usando nome falso.
Na cidade, ele também é suspeito de estuprar uma menina e um menino, os dois de cinco anos, na localidade de Engenheiro Dolabela. Foi para lá, inclusive, que ele voltou para fugir da polícia depois de matar Raiane, mas foi reconhecido por fazendeiros, amarrado e entregue à polícia, que havia ficado uma semana em seu encalço, no meio do mato, com cães farejadores e um helicóptero.