Religiosamente, de domingo a domingo, às 19h, uma corneta convida os 120 moradores de um prédio no Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, e mais moradores dos prédios vizinhos e quem passar pela rua Bernardo Guimarães para cantar e rezar, cada um de sua janela. Essa rotina acontece há mais de 400 dias, e foi idealizada por duas vizinhas, moradoras do prédio.
A gastrônoma Maria Terezinha de Melo Silva Vieira, de 62 anos, e a psicóloga Januza Silverio, de 52 anos, decidiram orar pelas pessoas no período de isolamento. A iniciativa foi compartilhada no grupo de WhatsApp do prédio e todos quiseram participar. “Vai aproximando o horário, as janelas vão se abrindo, as luzes acendendo e as pessoas esperando, o sinal da corneta”, afirma.
A gastrônoma, que mora no último dos 15 andares do edifício, é a responsável pela música. Os vizinhos enviam sugestões por whatsapp e, a cada dia, ela coloca uma canção para tocar. “Já tocamos Padre Marcelo Rossi a Titãs, mas o preferido é Roberto Carlos, pelo menos uma vez por semana tem que ter Roberto Carlos”, conta. No começo, ela utilizava o celular para tocar as músicas, depois uma vizinha a emprestou uma caixa de som.
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Segundo Maria Terezinha, a iniciativa foi uma forma de promover encontros com os vizinhos, a maioria idosos, durante a pandemia. Após a cantoria, os moradores rezam um Pai Nosso e uma Ave Maria. “Depois, todo mundo se despede e deseja boa noite, parece cidade do interior”, conta Maria Terezinha, que mora há 30 anos no prédio.
A ideia agora é que as orações sejam mantidas até que todos os moradores estejam vacinados. Mas como já virou tradição, Maria Terezinha afirma que pensa em manter o hábito pelo menos uma vez por mês, depois da pandemia.