Fundado no dia 25 de março de 1908, o Atlético completa, neste domingo, 110 anos de história. E neste ano o clube adotou uma postura diferente em relação às temporadas anteriores. Se nos últimos, gastos astronômicos foram feitos para que o clube se reforçasse dentro de campo, a meta para 2018 é ter pés no chão. A mudança de panorama foi decidida pelo presidente eleito no fim do ano passado, Sérgio Sette Câmara, que preza pela saúde financeira do Galo. No entanto, o novo formato de administração não foi bem aceito porque, até o momento, os resultados em campo não apareceram como o torcedor esperava.
Desde que foi eleito, Sérgio Sette Câmara afirmou que a prioridade era a readequação financeira do clube. Saíram jogadores com altos salários, como Robinho e Fred. Em todas as contratações, o clube não investiu um centavo sequer. Ricardo Oliveira estava sem clube quando foi contratado. Arouca, Erik, Róger Guedes (Palmeiras), Samuel Xavier (Sport), Iago Maidana (São Paulo) e Tomás Andrade (River Plate) chegaram ao Galo por empréstimo.
s dívidas preocupam o presidente desde o início de sua gestão. Algumas, muito antigas, como com a WRV (clique aqui e entenda), o clube tenta chegar a uma solução para pagar. A promessa feita por Sérgio Sette Câmara, em entrevista coletiva no dia 9 de fevereiro, na Cidade do Galo, é de colocar o Atlético no rumo certo.
“Você tem uma folha alta, endividamentos que todos os clubes têm. O Atlético tem hoje um endividamento preocupante. Se eu fizesse contratações a torto e a direito, chegaria no meio do ano atrasando salários. Se tivéssemos uma situação sem endividamento, o clube estaria em outra situação. A conta não fecha. Você tem que pagar juros do passado e o endividamento fica maior. A bola de neve só aumenta e piora. O Atlético tem uma situação tributária equacionada. São R$ 260 milhões por causa do Profut. O Atlético está em dia. Ficaremos mais cinco anos sem pagar por conta do acordo firmado. Mas existe o outro endividamento, que é importante, que vamos tentar reduzir nestes primeiros meses. O que aconteceu com o Flamengo, quando colocaram o pé no freio, foi porque equacionaram as contas. Eu tenho essa responsabilidade. Estou acostumado a colocar empresas no rumo certo. É o que vou fazer no Atlético. Não adianta fazer contratações mirabolantes”.
Os reforços, no entanto, devem chegar. O clube promete, pelo menos, quatro jogadores para a disputa do Campeonato Brasileiro. As contratações devem ser no mesmo formato das feitas no início do ano, já que o clube não tem muito capital financeiro para investimentos.
Resultados não agradam
O início de ano do Atlético foi frustrante. O técnico Oswaldo de Oliveira, inclusive, foi demitido com pouco mais de um mês de temporada. O trabalho ficou insustentável após o empate com o Atlético-AC, na Copa do Brasil. O Galo avançou pelo regulamento. Assumiu o lugar o ex-auxiliar técnico, Thiago Larghi, que ainda não foi efetivado.
Dentro de campo, o Alvinegro teve dificuldades na primeira fase do Campeonato Mineiro. O Galo só se classificou na penúltima rodada, com a terceira posição, atrás dos concorrentes Cruzeiro e América. Neste domingo, o Atlético precisa de um empate para avançar à final do Estadual. Na Copa do Brasil, o time está na quarta fase e enfrentará o Ferroviário-CE. Na eliminatória anterior, contra o Figueirense, foi derrotado no Independência e se classificou graças a Victor, que brilhou na disputa por pênaltis.
Estádio é o futuro
O Atlético acredita que a construção da Arena MRV será fundamental para o aumento de receitas do clube num futuro próximo. O próprio presidente deixou isso claro na entrevista do dia 9 de fevereiro. “Acredito muito que, quando estivermos com o estádio próprio, seremos o único clube do Brasil com 100% dele em termos de arrecadação. O futebol brasileiro caminha para ter três ou quatro protagonistas no futuro. O Atlético caminha para ser um deles”, ressaltou.
Na última sexta-feira, a diretoria anunciou a escolha da construtora da Arena MRV. A Racional Engenharia Ltda., fundada em 1971, será a responsável por construir a arena alvinegra, que ficará no bairro Califórnia.
O projeto do Atlético para a construção da Arena MRV foi protocolado na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) no dia 10 de março. O órgão, responsável por licenciamento, fiscalização e controle das atividades de impacto ambientais em Belo Horizonte, concedeu licença prévia para o projeto do estádio do Galo.
Para o início das obras também é necessária a aprovação da Câmara Municipal de Belo Horizonte – a votação ainda não tem data definida. É preciso que a maioria dos 41 parlamentares vote positivamente para a construção do estádio.
O projeto da Arena MRV foi aprovado pelo Conselho Deliberativo do clube no dia 18 de setembro do ano passado. Ao todo, 389 conselheiros tiveram direito a participar da votação. Foram 325 votos a favor e apenas 12 contra. A maioria esmagadora concordou com a proposta da venda de 50,1% do Diamond Mall para a Multiplan, por R$ 250 milhões, a serem investidos na construção da arena, orçada em R$ 410 milhões. O restante do valor será pago por investidores (R$ 60 milhões pelos naming rights adquiridos pela MRV e R$ 100 milhões de cadeiras cativas – 60% dessa quantia já está garantida por negociação com o BMG).
A Arena MRV, do Atlético, será o 10º maior estádio do Brasil em capacidade. O clube informou que o projeto do empreendimento foi alterado para elevar a capacidade de 41.800 para 47 mil lugares.
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