Estudantes, professores e políticos questionam condução coercitiva de oito funcionários da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na manhã desta quarta-feira (6) durante operação da Polícia Federal.
A investigação aponta suposto desvio de R$ 4 milhões destinados a bolsas de estágio na universidade. Entre os conduzidos estão Jaime Arturo Ramírez (reitor) e Sandra Goulart Almeida (vice-reitora) da UFMG.
Pelas redes sociais, alunos, professores e políticos se manifestam desde a manhã desta quarta contra a operação. Professora do departamento de história, Regina Helena Alves Silva disse, em uma publicação no Facebook, que é dever da PF investigar, mas não pode “promover espetáculo”.
“Entraram as 6 horas da manhã, fizeram busca e apreensão de documentos, levaram vários colegas nossos coercitivamente para prestarem depoimentos. Entre eles nossos reitores Jaime e Sandra. A Policia Federal tem o dever de investigar e achar todos os crimes que forem necessários. Mas não pode, sob hipótese nenhuma, promover um espetáculo de ataque ao que temos de mais precioso nesse país que é a educação publica”, afirmou a professora em um trecho da publicação.
Para o professor Carlos Alberto Ávila Araujo, da Escola da Ciência e Informação da UFMG, “não havia necessidade (da condução coercitiva). Bastava convocá-los. Não há corrupção. Basta verificar os fatos para ver o que de fato ocorreu”. Ele também publicou sua opinião em redes sociais.
Adelmo Leão (PT-MG), classificou a ação como “absurda”. “Os reitores da UFMG, que nunca se negaram a prestar depoimentos, foram levados coercitivamente pela Polícia Federal por supostos desvios no ‘Memorial da Anistia'”, afirmou em publicação.
Maria do Rosário, também deputado federal petista (Rio Grande do Sul) afirmou que o “combate à corrupção virou desculpa para conduções coercitivas de quem está disponível. O direito é destruído por abuso de autoridade que visa destruir resistência de setores do saber”, disse.
Ainda pelas redes sociais, alunos e professores da UFMG programaram uma manifestação para a tarde desta quarta-feira no prédio da reitoria da universidade em apoio aos funcionários que foram levados coercitivamente nesta quarta.
ABSURDO! Os reitores da UFMG, que nunca se negaram a prestar depoimentos, foram levados coercitivamente pela Polícia Federal por supostos desvios no “Memorial da Anistia”. Esse projeto está reunindo milhares de informações sobre a ditadura. Brasil virou estado de exceção?
— Adelmo Leão (@deputadoadelmo) 6 de dezembro de 2017
Todo apoio à @ufmg! Estado policial invadiu a Universidade e prendeu prof. e Reitor. Combate à corrupção virou desculpa p/conduções coercitivas de quem está disponível. O DIREITO é destruído por abuso de autoridade q visa destruir resistência de setores do saber. #BH
— Maria do Rosario (@mariadorosario) 6 de dezembro de 2017