O desabamento de uma residência na rua Antônio Marçal Sampaio, no bairro Mantiqueiras, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, pode ter sido causado pela demolição de uma estrutura central do imóvel, suspeita a Defesa Civil.
Na noite da última terça-feira (1º), a casa desmoronou quando nove pessoas participavam de uma reunião de candomblé no segundo andar. Oito foram soterradas e encaminhadas sem ferimentos graves para hospitais da capital.
O local foi interditado pela Defesa Civil na manhã desta quarta-feira (2). Um muro de arrimo, que separa a rua dos escombros, ainda corre o risco de desabar.Vizinhos do imóvel disseram à reportagem que viram dois pedreiros quebrando paredes e pilares de sustentação no local durante a tarde de terça.
Eles ainda afirmam que a proprietária mandou demolir a estrutura do primeiro andar, onde havia quatro barracões para locação, com o objetivo de impedir que os antigos inquilinos retornassem à residência. A demolição teria começado de forma gradativa há alguns meses.
“Nós já identificamos, de forma preliminar, que no local do acidente, ao longo dos meses passados, estavam ocorrendo demolições nas regiões inferiores da edificação. A estrutura pode ter ruido em função dessas demolições. Pode ser que foi demolido também algum elemento estrutural, talvez um pilar”, afirma o vistoriador da Defesa Civil, Nilson Luiz da Silva.
De acordo com os vizinhos, os moradores do primeiro andar usavam e vendiam drogas no local. Diante do problema, a proprietária teria pedido diversas vezes para que eles deixassem a residência, mas teve as solicitações ignoradas.
Ainda conforme os relatos ouvidos pela reportagem de O TEMPO, a dona do imóvel até chegou a revestir com cimento as portas de acesso do primeiro andar, porém, mais uma vez, não teve sucesso, pois os inquilinos pulavam o muro.
Em abril deste ano, eles finalmente deixaram a casa meses depois que a mulher mandou demolir, aos poucos, os barracões.
“Dava muita confusão e briga por aqui. A proprietária pedia a casa de volta, mas eles não queriam entregar. Ela até fechou o portão com massa e tijolo para eles não entrarem mais, mas eles pulavam o muro e dormiam lá dentro”, disse um vizinho, que mora ao lado do local do acidente e pediu para não ser identificado.
“À medida que os pedreiros foram derrubando a estrutura, quebraram os pilares de sustentação. Aconteceu essa tragédia justamente com o pessoal do candomblé, que não tinha nada a ver com o problema, porque os inquilinos que traziam transtornos já não moravam ali”, ressalta outro morador.
Procurada, a Polícia Civil informou que a corporação aguarda os resultados da perícia para verificar se houve indícios criminais. O resultado da perícia deve sair em 30 dias.
Os pedreiros que estariam trabalhando no imóvel que desabou não foram localizados pela reportagem. Já a proprietária do imóvel não atendeu às ligações.
Dos oito feridos após o desabamento da casa, quatro já receberam alta dos hospitais. Dois ainda estão sob observação no Hospital João XXIII e outros dois no Risoleta Neves. As vítimas do acidente e os familiares delas não quiserem comentar o caso.