Stealthing: tirar camisinha sem consentimento é violência sexual

Advogados explicam como stealthing pode ser julgado pela legislação brasileira

Central de Jornalismo
Brasil não tem legislação específica, mas o ato pode sim ser julgado

Brasil não tem legislação específica, mas o ato pode sim ser julgado

Você sabe o que é o Stealthing? O Tudo Em Dia responde.

O stealthing consiste em que consiste na retirada do preservativo durante a relação sexual, sem o consentimento da outra pessoa

A vida sexual de Soraia* virou do avesso desde que a estagiária conheceu, em seu trabalho, o jornalista Pedro*.

Depois de alguns meses de relacionamento com o colega, ela se sentiu preparada para ter relações sexuais com o parceiro, mas com uma ressalva: o uso da camisinha era indispensável. No dia da relação, tudo pareceu correr bem, até ela perceber que Pedro não estava mais com o preservativo.

“Me assustei, pois sabia que eu tinha herpes, por conta da minha mãe, que me passou no parto. Deixei claro anteriormente que queria protegê-lo da doença e fiquei muito horrorizada ao vê-lo ali, sem nada. Percebi que ele fez isso de propósito, pois, quando o questionei, ele me contou que achou que eu não iria me importar e que ‘era mais gostoso’ sem a proteção, já que eu poderia engravidar e ficaríamos juntos para sempre”, conta a estudante de jornalismo.

Depois de algumas semanas, ela resolveu tentar ter relações com o parceiro novamente, e, como da primeira vez, ele retirou o preservativo quando ela não estava olhando. “Me senti violada”, confessa a jovem. “Terminamos depois de alguns dias, e fiquei morrendo de medo de estar grávida. Fiz os testes, e, por um milagre, não engravidei. Eu não sabia o que estava sofrendo, mas sabia que era errado.”

A violência sofrida por Manuela* tem nome e definição jurídica: retirar a camisinha durante o sexo sem o consentimento do parceiro é um ato conhecido como ‘stealthing’, que, em tradução livre, significa ‘ato furtivo’. 

O sexo sem camisinha pode expor ambos os parceiros sexuais à infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) e à gravidez indesejada. Quando praticado sem consentimento, pode também levar a vítima a ter danos psicológicos, comportamentais e sociais.

“Quem pratica isso sabe o que está fazendo e tem intenções.  Muitas vítimas contam que os parceiros furam ou tiram a camisinha para engravidá-las e prendê-las no relacionamento. Em outros casos, são criminosos que querem transmitir infecções para os parceiros sem que os mesmos estejam cientes disso”, explica a advogada penal Cristina Souza.

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