A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) abriu sindicância para apurar, em âmbito administrativo, os fatos investigados pela operação Esperança Equilibrista, que apura a não execução de obras e o desvio de recursos públicos destinados à construção e implantação do Memorial da Anistia Política do Brasil, uma iniciativa do Ministério da Justiça em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os repasses foram realizados pela pasta, e a execução é de responsabilidade da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep).
A operação foi deflagrada pela Polícia Federal, no dia 6 de dezembro. Na ocasião, dirigentes e servidores da Universidade e da Fundep foram conduzidos coercitivamente a depor sobre supostas irregularidades na construção do Memorial da Anistia, e também foram cumpridos mandados de busca e apreensão de documentos.
O inquérito apurou que teriam sido gastos cerca de R$ 19 milhões na construção da estrutura e em pesquisas de conteúdo para a exposição permanente do memorial. Porém, segundo a PF, o único produto aparente é um dos prédios do projeto, ainda inacabado.
O delegado responsável pela operação, Leopoldo Lacerda, afirmou que as investigações indicam, até o momento, que R$ 4 milhões foram desviados por meio do pagamento de bolsas de estágio e de extensão na UFMG. “Verificamos desvio de quase R$ 20 milhões efetivamente pagos nesse projeto. Cerca de R$ 4 milhões temos comprovado que foram desviados para contas de outros projetos e pagamentos de bolsas de estágio e de extensão. Pretendemos com as buscas e apreensões identificar quais são essas contas e projetos”, contou.
Em nota à comunidade divulgada na última sexta-feira (22), e assinada pelo reitor Jaime Ramírez e pela vice-reitora Sandra Goulart Almeida, a UFMG reafirmou seu “compromisso histórico de empreender todos os esforços para a defesa da probidade, da impessoalidade e da moralidade e eficiência da administração pública”.
Por meio de portaria também publicada na sexta (22), o reitor designa para compor a comissão de sindicância os professores Jacyntho José Lins Brandão, da Faculdade de Letras (presidente), Evandro Neves Abdo, da Faculdade de Odontologia, Adriana Goulart de Sena Orsini e Juliana Cordeiro de Faria, ambas da Faculdade de Direito. O prazo estabelecido é de 120 dias, prorrogáveis por mais 120.