Uma das maiores representantes da culinária mineira será homenageada com uma estátua de bronze. A escultura de dona Lucinha, fundadora da rede de restaurantes que leva seu nome, vai ser inaugurada durante a Semana da Gastronomia Mineira, em 8 de julho, na porta do Mercado Central, na Região Central de Belo Horizonte.
O monumento em tamanho natural tem aproximadamente 1,70 x 0,60m e pesa 160kg. A filha de Dona Lucinha, a chef Márcia Nunes, conta que a ideia de fazer a estátua surgiu de uma amiga da família, a fotógrafa Soraia Orsini. “Eu ia fazer uma silhueta da mamãe para ficar na porta de um café nosso. E ela disse que não. Tinha que fazer em bronze’, lembra.
A chef diz que a família gostou da ideia e a amiga fez a ponte com Leo Santana, conhecido internacionalmente por suas esculturas e monumentos instalados em espaços urbanos e pontos turísticos do Brasil. São dele a estátua de Carlos Drummond de Andrade instalada no calçadão de Copacabana desde 2002 e a de Tiradentes, que retrata o herói da Inconfidência Mineira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte, desde 2014.
O projeto da obra em homenagem a dona Lucinha não é novo, teve início em 2016. Na época, ela estava inserida no projeto de um circuito literário e gastronômico da Rua da Bahia. A proposta original era instalá-la em frente ao restaurante Dona Lucinha, no Bairro São Pedro, Região Centro-Sul de BH, junto com outra estátua do escritor e conterrâneo Oswaldo França Júnior.
A chef Márcia lembra que a ideia de colocar a escultura no Mercado Central foi do secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira. “O Leônidas tomou conhecimento do projeto e me disse: Dona Lucinha é uma personalidade nacional. A estátua deve ficar na Praça da Liberdade ou no Mercado Central.”
A família escolheu o ponto em que a escultura vai ficar, junto com Santana. “Foi uma decisão artística que fosse no cruzamento da Avenida Augusto de Lima com a Rua Curitiba.” O projeto foi aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura e patrocinado pela Gasmig e Cemig.
“Minha sensação é de êxtase. É lindo demais. Refletindo sobre o significado de uma estátua, ela é a representação de uma vida. O Leo fez uma estátua extraordinariamente bela. As pessoas olham e se comovem. Ele trouxe a alma da mamãe para o bronze. E o bronze eterniza. A lembrança e o legado dela estão aí, mas agora é uma coisa que se pode tocar”, afirma a chef Márcia.
Para a chef Elzinha Nunes, outra filha de dona Lucinha, a mãe agora se veste de bronze para dar ainda mais voz ao que fez por toda a sua vida: “Fazer ecoar o valor universal da Cozinha de Minas”, diz ela emocionada. A filha garante ainda que “a obra é a representação perfeita de sua importância para a história da gastronomia mineira.”
INAUGURAÇÃO A estátua será inaugurada em 8 de julho, no Mercado Central de Belo Horizonte, onde dona Lucinha era frequentemente vista. “Ela tinha lá o sentimento de estar em casa”, diz Márcia. Sua paixão pelo lugar era tão grande que a obra em sua homenagem ficará exposta carregando uma placa com a frase: “O Mercado Central me enche de encantos: lugar dos temperos, das cores e dos sabores. Aqui, sinto-me em casa!”
“Nós estamos trazendo do Serro um congado para prestar uma homenagem simbólica e afetiva. Mamãe era devota de Senhora do Rosário e temos muito apreço pela festa. Vai ser uma festa do povo, da família e de Minas. Ela tem um papel quase indecifrável na valorização da cozinha mineira, de tanto que ela se entregou a isso”, destaca a chef Márcia.
PREMIADA Maria Lúcia Clementino Nunes, a dona Lucinha, uma das maiores representantes da culinária mineira, morreu em abril de 2019, aos 86 anos. A mineira nascida no Serro, Região Central do estado, teve 11 filhos e 25 netos. Foi professora primária, catequista, salgadeira, doceira, feirante, quitandeira, diretora escolar e vereadora.
Fundadora de uma rede de restaurantes em BH e São Paulo, ganhou prêmios em vários festivais e já foi tema de samba-enredo no Rio de Janeiro. Era uma defensora incansável da cozinha mineira e de seus ingredientes simples e tradicionais, como o quiabo, o chuchu e a batata-doce, produtos marginalizados na gastronomia.
Ela abriu seu primeiro restaurante em 1990 e rapidamente se tornou um sucesso, inspirando uma revolução na culinária de Minas Gerais e a levando para vários cantos do país.
PROGRAME-SE
Data da inauguração: 8/7
Local: Mercado Central
Horário: 10h