A vendedora Fernanda Giovani Aleixo, de 37 anos, que mobilizou o Corpo de Bombeiros de Viçosa, na Zona da Mata, na última segunda-feira (14), para retirar o que ela achava ser uma cobra do interior da casa dela, mas que era um metro de linguiça caseira, conversou com a reportagem de o Tempo.com e explicou o motivo do seu engano.
Segundo ela, a linguiça estava na varanda dos fundos, em um local de pouca iluminação, e um gato arrastava o embutido no escuro, o que a fez pensar que era uma serpente se movimentando.
A vendedora conta que o medo era tanto que ela chamou uma vizinha, que também achou que era uma cobra.
Desesperada, Fernanda disse que não pensou duas vezes e pediu socorro aos bombeiros.
Por volta das 20h40 de segunda-feira, três militares deixaram o pelotão dos bombeiros às pressas para atender ao chamado de “captura de animal silvestre e agressivo”, levando o gancho para recolher animais, mas, para a surpresa de todos, a cobra que andava não passava de um metro de linguiça caseira que era arrastada por um gato.
A mãe da vendedora havia deixado as compras na varanda, e o gato rasgou a sacola para fazer uma boquinha.
Fernanda conta que sua família já está assustada com cobras, pois mora ao lado de um lote vago e, há três meses, precisou chamar os bombeiros para retirar uma coral do armário da cozinha.
“Desta vez, a minha filha de 7 anos saiu para brincar com o gatinho e disse ter escutado barulho de cobra. Ela me chamou para ir olhar, e eu falei: ‘Não vou, pois tenho medo’. Olhei da janela do quarto, e a cobra estava enrolada. Depois, a gente viu que ela estava andando. Aí, eu fiquei doida dentro de casa”, contou.
“Chamei a vizinha, e ela falou: ‘É cobra mesmo e está andando. Não vou lá fora também, não! Liga para os bombeiros!’”, contou a vendedora, que não pensou duas vezes e pediu socorro aos bombeiros.
Os militares entraram cuidadosamente, usando lanterna, e descobriram que era linguiça. “O gato devia estar puxando a linguiça, que é muito comprida, e a minha vizinha deve ter confundido com cobra”, justificou a vendedora.
Fernanda disse ter ficado envergonhada por acionar os bombeiros para resgatar uma linguiça e disse ter pedido mil desculpas. “O policial falou que eu estava certa em ligar. Já pensou se fosse uma cobra de verdade? Aqui dentro de casa já entrou uma coral!”.
CHAMADA
O comandante do 3º Pelotão de Bombeiros Militares de Viçosa, tenente Alexandre Lima Fagundes, recomenda que as pessoas prestem mais atenção antes de acioná-los.
“A gente pede às pessoas que se certifiquem realmente do que se trata, tomando o cuidado necessário para se não se expor ao risco e para evitar o deslocamento desnecessário dos bombeiros”, orientou o tenente.
REPERCUSSÃO
A notícia da linguiça que mobilizou o Corpo de Bombeiros viralizou nas redes sociais. “Só queria saber como essa linguiça foi parar lá”, postou a internauta Aline Abreu. “Será que alguém jogou a linguiça para fazer pegadinha ou assustar a dona de casa?”, questionou outro, que se identificou por Esteves. “Essa mulher tem o mesmo nível de desespero que eu tenho quando as baratas me atacam no banheiro. Tenho vontade de chamar os bombeiros”, postou Joseane de Araújo Rodrigues.
“Se eu fosse fazer o resgate já ia levar o carvão e a cerveja gelada. Tadinha, só quem tem muito medo de um bicho pode entender o que passou na cabeça. Eu morro de medo de aranha e já quase botei fogo numa casa para matar uma”, escreveu Michelle Horta.
MINIENTREVISTA
FERNANDA GIOVANI ALEIXO LIMA
VENDEDORA
O que levou a senhora a acreditar que era uma cobra?
O gato devia estar puxando a linguiça, e a minha vizinha achou que era uma cobra. Ela estava se movimentando.
A senhora mora em prédio ou casa?
É apartamento, moramos no primeiro andar do prédio. Bem ao lado tem um matagal, e é muito fácil cobra entrar na minha casa.
E a linguiça, o que a senhora fez com ela depois dessa confusão toda? Fez churrasco?
A minha mãe deixou a linguiça lá na área depois que os bombeiros foram embora e, de manhã, ela deu para o gato comer. Já estava estragada mesmo.
A senhora se desculpou com os bombeiros?
Pedi desculpas. Não tinha como eu saber que não era cobra. Estava muito escuro. Eles entraram com uma lanterna, olharam direitinho. Quando chegaram perto, um deles falou: ‘É cobra mesmo!’. Depois, quando ele chegou mais perto, viu que não era.