UBERLÂNDIA, TRIÂNGULO MINEIRO – A mãe e o padrasto da bebê Sophia Lauren Lopes, de 6 meses, foram indiciados por estupro de vulnerável e homicídio qualificado. A jovem de 21 anos, mãe da criança, responderá pela omissão de evitar que esses crimes pudessem ter ocorrido, e o padrasto da bebê, Carlos Henrique Gomes Fortunato, de 25 anos, foi indiciado como autor dos atos que levaram à morte de Sophia Lopes.
A criança foi estuprada e assassinada no último dia 12 deste mês na casa em que a família morava no bairro Laranjeiras, na zona sul de Uberlândia. Os suspeitos foram indiciados ainda na segunda-feira (21), após o depoimento do padrasto. Se condenados, mãe e padrasto podem pegar até 45 anos de prisão pelos crimes cometidos, já que a pena de homicídio qualificado é de 30 anos e a de estupro de vulnerável 15 anos. A mãe da criança, por ser ré-primária e não conter passagens pelo sistema prisional, pode ter a pena reduzida.
Em seu depoimento, segundo a delegada de menores Gabriela Damasceno, que investigou o caso, Fortunato deu detalhes de todo o crime. Segundo ele, as agressões começaram por volta das 8h30 e terminado somente com a morte da criança, às 12h. “Ele narrou para nós uma sequência de atos de violência física e sexual, que se iniciaram logo que a mãe saiu para trabalhar. Inclusive, a prática do sexo foi enquanto a criança estava viva, ele deixou isso bem claro”, afirmou a delegada.
As agressões teriam começado com seis cabeçadas na criança que causaram afundamento de crânio, provável causa da morte. Em seguida, ela foi afogada no chuveiro por meia hora e teve a barriga socada pelo suspeito. Depois das agressões físicas, Fortunato disse, em depoimento, que iniciou as agressões sexuais que levaram a laceração do ânus da bebê, que teve dilatação superior a dois centímetros. “Ele negou a penetração anal, mas todos os laudos evidenciam que houve. Ele confessa que praticou sexo oral na criança por 30 minutos, ejaculado dentro da boca dela e depois limpado com papel higiênico”, disse Gabriela Damasceno. Após o estupro, ele teria a sufocado com um travesseiro até a morte.
“Apuramos toda a mecânica do crime e reunimos provas suficientes para indiciá-los por estes crimes. Ele disse que cometeu o crime por raiva, por estar criando o filho de outro homem e afirmou que achava que ninguém descobriria”, disse a delegada. Carlos Fortunato está no presídio Jacy de Assis. A mãe da criança ainda está em liberdade e a delegada informou que não solicitou a prisão dela, mas que encaminhou seu indiciamento à Justiça junto ao do suspeito confesso do crime.
Mãe da criança não demonstra revolta ao namorado em depoimento
Segundo a delegada que investiga o caso da bebê Sophia Lopes, Gabriela Damasceno, a mãe da criança não demonstrou nenhuma revolta ou sentimento sobre o fato ou contra o seu namorado, suspeito de ter cometido o crime. “A genitora se mostra indiferente e não demonstra nenhuma revolta que uma mãe sentiria em um caso como esse. Em seu depoimento ela nega qualquer coisa que associe a responsabilidade ao suspeito. O depoimento dela foi até, na minha opinião, muito protetivo”, disse a delegada.
De acordo com Gabriela Damasceno, foram levantadas, pela delegacia, evidências que comprovam a omissão da mãe. “Ela tinha consciência do risco que essa criança estava correndo com ele e foi omissa”, afirmou a delegada. Um laudo médico de dezembro de 2015 evidencia que o padrasto teria cometido outra agressão contra a criança. “Na ocasião havia hematomas na perna da criança e outras marcas. Depois do atendimento, ao ser informada que falaria com uma assistente social, ela saiu do local e não tomou nenhuma providência”, disse a delegada.
A advogada de defesa da mãe da criança afirmou a reportagem que já esperava o indiciamento dela. “A estratégia será tentar provar que não teve omissão, visto que sempre houve uma relação harmoniosa entre eles. Mesmo o novo advogado deve adotar essa linha”, afirmou Danuza Nascimento, que revelou que deve abandonar o caso. “Como mulher e como mãe, eu sou sincera, eu vou acompanhar ela até hoje e estou saindo do caso, pois para mim não condiz com a minha perspectiva de vida, com a minha índole”, afirmou Danuza Nascimento.
Correio de Uberlândia